segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cirurgia Bariátrica x Obesidade Mórbida


A obesidade mórbida é uma doença crônica, progressiva, que aumenta consideravelmente a morbidade/mortalidade dos indivíduos. Operações para correção da mesma foram desenvolvidas por volta de 1950, quando as companhias de seguro americanas observaram que indivíduos obesos adoeciam com mais freqüência e faleciam mais cedo do que a média nacional (ZILBERSTEIN; CARREIRO, 2004).

Segundo o Centro da Obesidade Mórbida do HSL-PUCRS no estudo de Rizzolli et al. (2001), os tratamentos convencionais com dieta, atividade física, mudanças comportamentais e, muitas vezes, uso de medicações, sempre deverão ser a primeira alternativa, mas os resultados em pacientes obesos de grau III são ainda muito frustrantes. Mais de 90% dos pacientes não conseguem atingir e manter uma redução de 5-10% do peso corporal por um período maior de cinco anos.

São candidatos ao tratamento cirúrgico, os pacientes com IMC maior que 40 kg/m² ou com IMC maior que 35kg/m² associado a comorbidades (hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes tipo 2, apnéia do sono, entre outras). Em contrapartida, a cirurgia estaria contra-indicada em pacientes com pneumopatias graves, insuficiência renal, lesão acentuada do miocárdio e cirrose hepática (FANDINO et al., 2004).

Assim, pelo Consenso Latino Americano de Obesidade, as técnicas de cirurgia bariátrica podem ser divididas em três diferentes categorias:

· Restritivas: são baseadas na redução do volume de alimentos que podem ser tolerados pelo estômago, dificultando a entrada dos mesmos no sistema digestório através da banda gástrica ajustável, da gastroplastia vertical de Mason, da gastrectomia em manga e do balão intragástrico. Apesar deste último não ser um procedimento cirúrgico e sim um artefato que é colocado no estômago por via endoscópica e que pode permanecer no organismo por seis meses, e após este período, ser retirado ou substituído por novo balão.

· Disabsortivas: baseiam-se no princípio da má absorção intestinal, fazendo com que o alimento ingerido só se misture com o suco pancreático nos últimos 50cm de íleo, causando absorção diminuída das gorduras e amido.

· Mistas: têm-se mostrado segura e eficiente a médio e longo prazo, com grande índice de satisfação dos pacientes. Podem ser feitas por cirurgia convencional ou videolaparoscopia. É construída uma bolsa gástrica pequena, com volume de 30-50ml aproximadamente, e o restante do estômago é mantido, bem como o duodeno e os primeiros 30-50cm do jejuno que ficam desviados do trajeto dos alimentos.

Os resultados esperados com a cirurgia bariátrica incluem: perda de peso, melhora das comorbidades relacionadas e da qualidade de vida (SEGAL et al., 2002).

Contudo, sabe-se atualmente que as cirurgias bariátricas, especificamente as que lidam com desvios intestinais, apresentam efeitos colaterais conhecidos, que com adequado controle clínico, readequação alimentar e reposições de carências identificadas, são completamente controlados. É o tratamento mais eficaz para a obesidade grave e suas comorbidades apresentando resultados muito favoráveis em relação aos tratamentos convencionais com morbimortalidade menor que estes últimos.

Por fim, ressalta-se a importância da identificação de carências nutricionais, uma vez que, muitas das técnicas cirúrgicas utilizadas possuem como base a redução de absorção, apresentando como preocupação especial a redução de absorção de micronutrientes. Assim, faz-se necessária a suplementação adequada para que estes indivíduos não desenvolvam sinais e sintomas relacionados ao déficit de vitaminas e minerais.

Fonte: Nutri. Sílvia Marques Lima
Responsável técnica do Lar das Moças Cegas